Por Diego Marchioro, ator / pesquisador do projeto.
Novembro de 2009
Em minhas primeiras impressões da pesquisa, vendo os moradores, sinto o quão difícil é falar sobre o que me aflige os olhos e toca na alma, faz repensar tudo que sou, somos.
Sobre nossa relação com o outros, todas as diferenças e preconceitos. Ver os conflitos, semelhanças, anseios comuns a qualquer homem, vivenciados por estes passantes, moradores, habitantes, sobreviventes da RUA. Observo as histórias, os conflitos mais humanos enfrentados por eles e tento compreender ao menos um pouco estas situações.
Num instante na minha cabeça tentando entender as histórias e situações, como pensam. Parece que tudo entra em conflito; sofrimento, bases sociais, direitos humanos, condição, acaso, miséria, opção, realidade, loucura, utopia, educação, discriminação, exclusão... A contradição de todas as condições deles "Amoradores", tudo, absolutamente tudo entra em questão e surge a dor, libertade, amor e até nossa brasileira alegria. Uma pontinha de vida revelada no brilho dos olhos deles.
Pela frente muita calçada, muito asfalto, muita marquise pra percorrer e um desejo misto de fazer política, social, conhecer as condições, situações transformar em teatro, em arte. Revelar e enaltecer estas pessoas escondidas, perdidas, não aceitas e muitas vezes esquecidas.
Falar do homem no meio da rua, na condição mais pura e realista do homem, desprotegido, desprovido, desabrigado. A mercê da liberdade da vida. Por acaso, escolha ou conseqüência, corpos flutuantes do espaço urbano. Seres humanos esquecidos pelo acaso ou escolha de serem esquecidos.
Na rua todo homem é passível de queda, mas nem todo homem é auxiliado a ser reerguido.
O Sítio
Brasil, Região Sul do país, Curitiba. Capital social e de muitos mais títulos. Um dos invernos mais rígidos do país. E “contraditoriamente” a segunda cidade com maior índice de pessoas em situação de rua do país.
“Contraditoriamente”?
No Brasil quanto mais às cidades crescem, maior é o numero de suas qualidades e defeitos. Tanto maiores os medos, as pessoas se fecham e se protegem umas das outras, se afastam do meio, do que é social, da sociabilidade com o outro indivíduo.
Surgem as Ações Sociais, Campanhas, Fundações, Planos Governamentais e etc... Instituições que aos poucos se revelam apenas quantitativas, burocratizadas, engessadas para as condições de cada indivíduo. Tornam-se apenas orgãos de ações organizacionais e falíveis.
Cada vez mais vejo que as instituições precisam se humanizar. Se aproximarem mais das pessoas que tentam ajudar. Que procurem entender com mais profundidade a realidade dos moradores e pessoas em estado de rua, seus conflitos e motivações. Para então poderem auxiliá-los de maneira mais construtiva conforme suas necessidades e anseios. E não apenas procurar encaixa-los ou excluí-los da sociedade.
"Ai a gente bebe, usa droga, pros outros acharem que a gente é feliz."
“Eu tiro minha blusa pra você. E você tira sua blusa pra mim?”
(Claudinéia Rosa, moradora de rua entrevistada no projeto Amoradores)
Sobre nossa relação com o outros, todas as diferenças e preconceitos. Ver os conflitos, semelhanças, anseios comuns a qualquer homem, vivenciados por estes passantes, moradores, habitantes, sobreviventes da RUA. Observo as histórias, os conflitos mais humanos enfrentados por eles e tento compreender ao menos um pouco estas situações.
Num instante na minha cabeça tentando entender as histórias e situações, como pensam. Parece que tudo entra em conflito; sofrimento, bases sociais, direitos humanos, condição, acaso, miséria, opção, realidade, loucura, utopia, educação, discriminação, exclusão... A contradição de todas as condições deles "Amoradores", tudo, absolutamente tudo entra em questão e surge a dor, libertade, amor e até nossa brasileira alegria. Uma pontinha de vida revelada no brilho dos olhos deles.
Pela frente muita calçada, muito asfalto, muita marquise pra percorrer e um desejo misto de fazer política, social, conhecer as condições, situações transformar em teatro, em arte. Revelar e enaltecer estas pessoas escondidas, perdidas, não aceitas e muitas vezes esquecidas.
Falar do homem no meio da rua, na condição mais pura e realista do homem, desprotegido, desprovido, desabrigado. A mercê da liberdade da vida. Por acaso, escolha ou conseqüência, corpos flutuantes do espaço urbano. Seres humanos esquecidos pelo acaso ou escolha de serem esquecidos.
Na rua todo homem é passível de queda, mas nem todo homem é auxiliado a ser reerguido.
O Sítio
Brasil, Região Sul do país, Curitiba. Capital social e de muitos mais títulos. Um dos invernos mais rígidos do país. E “contraditoriamente” a segunda cidade com maior índice de pessoas em situação de rua do país.
“Contraditoriamente”?
No Brasil quanto mais às cidades crescem, maior é o numero de suas qualidades e defeitos. Tanto maiores os medos, as pessoas se fecham e se protegem umas das outras, se afastam do meio, do que é social, da sociabilidade com o outro indivíduo.
Surgem as Ações Sociais, Campanhas, Fundações, Planos Governamentais e etc... Instituições que aos poucos se revelam apenas quantitativas, burocratizadas, engessadas para as condições de cada indivíduo. Tornam-se apenas orgãos de ações organizacionais e falíveis.
Cada vez mais vejo que as instituições precisam se humanizar. Se aproximarem mais das pessoas que tentam ajudar. Que procurem entender com mais profundidade a realidade dos moradores e pessoas em estado de rua, seus conflitos e motivações. Para então poderem auxiliá-los de maneira mais construtiva conforme suas necessidades e anseios. E não apenas procurar encaixa-los ou excluí-los da sociedade.
"Ai a gente bebe, usa droga, pros outros acharem que a gente é feliz."
“Eu tiro minha blusa pra você. E você tira sua blusa pra mim?”
(Claudinéia Rosa, moradora de rua entrevistada no projeto Amoradores)
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